Diante da nossa realidade precisamos falar sobre o Covid- 19, mas aqui vamos tratar sobre outra perspectiva, falaremos sobre as mulheres que fizeram a diferença e contribuíram para a vida humana em apenas 48h, feito que na maioria das vezes é realizado em 15 dias!
As cientistas geniais que sequenciaram o genoma do coronavírus se chamam Jaqueline de Jesus e Ester Sabino, duas mulheres de gerações diferentes que a partir devoção pela ciência realizaram uma descoberta que permitiu mapear o espalhamento da doença, entender sua origem e abrir caminho para o estudo de possíveis vacinas e métodos para diagnóstico.
Elas merecem o crédito social, não exclusivamente pela descoberta, mas também por superar todas as adversidades que tornam o caminho do sucesso para as mulheres que almejam a ciência mais longo do que para um homem. Vale destacar, que não me refiro apenas a sobrecarga da conciliação da maternidade, como na maioria dos casos. Mas, também ao estigma de que as mulheres precisam ser super heroínas para fazer ciência e também provar o tempo todo sua capacidade, como se estivesse ocupando um lugar que não lhe pertence de modo legítimo.
O número crescente de mulheres com diploma universitário não faz jus a realidade do mercado de trabalho, já que as mulheres são minoria em postos de chefia, o que as desmotiva à medida que progridem na carreira, ou seja, a paridade entre homens e mulheres diminui com o grau de titularidade. É notável a segregação entre ser profissional e ser mãe, a mulher é vista como a responsável primordial e única por tomar conta da casa e da criança, e consequentemente recebe menos convites para participar de pesquisas internacionais e conferências no exterior.
Retrocedendo para entender as raízes desse preconceito, precisamos compreender o contexto social, já que a maioria esmagadora da população tem a imagem de um cientista definida como um homem mais velho, branco e trajando um jaleco branco. Lamentavelmente esse ideário estabelecido é justificável, já que 97% dos ganhadores do Prêmio Nobel tem sido homens. Agora, some o estereótipo tradicional, a falta de representatividade, ausência de incentivo para carreiras científicas, o ambiente de trabalho intimidador e machista, salários menores em comparação a homens que exercem a mesma função e pronto! É com esse perrengue que as mulheres são sentenciadas a conviver.
Historicamente as mulheres que contribuíram para a ciência com suas descobertas que mudaram o percurso social, tiveram o benefício do seu trabalho roubado, mas nunca o reconhecimento. Um exemplo sólido é a cientista Henrietta Swan Leavitt, que encontrou um elemento crucial para determinar a distância entre uma estrela e outra, mas mesmo com a sua descoberta ela nunca foi reconhecida e quando alguém propôs lhe entregar o Nobel, a pesquisadora já estava morta.
Além disso, segundo o site: “Galileu”, em uma análise feita em 2005 foi constatado que homens sentem mais confiança em mencionar publicações de autores masculinos em suas pesquisas. Traduzindo, estamos inseridos em um sólido ciclo vicioso, e esse ato de mitigar o papel da mulher na ciência é nomeado como Efeito Matilda, no qual se estabelece o preconceito de reconhecer as atribuições femininas para as pesquisas. O termo é uma homenagem à sufragista Matilda Joslyn Gage, que escreveu o ensaio Woman as an Inventor (“A mulher como uma inventora”) para protestar contra o imaginário coletivo de que a mulher não é capaz de praticar invenções.
Faça ciência como uma garota
Nesse sentido, pensando em projeções futuras são necessárias reformas educacionais que incentive as crianças a colocar a “mão na massa” em experimentos e pesquisa científicas, logo no início da alfabetização e seguir os ensinamentos durante toda a jornada de ensino. Expondo exemplos a seguir de mulheres bem sucedidas e mostrando seu trajetória, desmistificando o ideário de que mulher não tem aptidão natural para a área de exatas ou da existência de profissão para homem e profissão para mulher.
Só sei que a ciência precisa do brilhantismo feminino, assim como a mulher precisa da ciência e aos egos masculinos feridos, aceitem o fato que dói menos!